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Poetry From The Heart
"Os poemas da D. Maria Antonieta M. Mateus, são,
para mim, da maior originalidade possível."
Li-os com todo o sentimento e respeito que a autora me merece. Os seus versos, não sendo de rigor, nem à categoria de poetisa, como nos afirma no conteúdo da sua escrita e pensamento, são puros, essenciais às almas simples, pela pureza, na simplicidade do dizer, e na cumplicidade em que nos envolve.
Pelos seus poemas fiz uma viagem aos conhecimentos da autora; ela levou-me à sua intimidade maternal; ao filho ausente, aos netos, aos que se lhe foram ajuntando pelos laços familiares.
Levou-me em viagens longínquas, ou aqui ao lado. Criou uma geografia muito sua, muito bem descrita às suas possibilidades de cronista. Depois, e sobretudo, a descrição dos tempos, dos costumes, das vivências e das memórias. Muito saudosista dos seus espaços de menina; crente nos ensinamentos, na efebulação da idade de menina e moça, já nessa ambição do conhecimento.
Na sua poética, comovente, Maria Antonieta mostra-nos os amargos da vida ou os pequenos prazeres do viver, sem ambições, em moralidades admiráveis . Tudo está na sua poesia. Ela, sem dar pelo fenómeno da tradição poética arábica, de que herdámos nos séculos, nessa filosofia campestre, por que pura e natural , informa-nos que herdou da mãe esse dizer, em verso, a vida. Que bonito!
Tanto se emociona nos movimentos das velas do moinho do seu lugar: os adeus aos que passam nos caminhos serranos, ou no moleiro vigiando os grãos em produção primitiva dos ventos, essa força, corrente natural. Sobretudo a composição, a estrutura das palavras, a formação sintática, flexões dos adjectivos, os hibridismos tão naturais nos seus falajares, essa riqueza que se vai perdendo, e que a minha comadre Antonieta recupera, enriquecendo, nessa forma natural do nosso ancestral vocabulário, em que ela gesticula a escrita, sem se esforçar, como água que corre liberta da nascente, ao ribeiro, nesse caminhar linguístico que tanto me enriqueceu.
—Teodomiro Neto